Saber de qualquer notícia, por menor que seja, em se tratando de política no Brasil é um sofrimento eterno, uma danação pela qual você não sabe as causas de estar sendo submetido a tanta desgraça.
No caso do Brasil, é um sofrimento em câmera lenta, pois isso já vem de muitos anos. No fundo, parece que esperamos pelo dia em que o presidente da república baixe um novo ato institucional para concretizar de vez o regime autoritário onde ele é o principal rosto e maior executor; mas, na verdade, o golpe em si já ocorreu: foi em 2016, quando a Câmara dos Deputados aprovou o impeachment de Dilma Rousseff. O que estamos vendo desde então é uma lenta e progressiva destruição do pouco que o país conquistou em trinta e poucos anos e que ainda convenciona ser chamado de “democracia”. O que ninguém (ou quase ninguém) estava preparado é que essa é uma forma mais sádica, mais dolorosa e mais deprimente de ver uma sociedade definhar.